A sigla ESG (Enviromental, Social and Governance) foi oficialmente criada em 2004, em um relatório publicado pelo Banco Mundial: “Who Cares Wins”, que estabeleceu as bases para os investimentoos sustentáveis, hoje encarados como urgentes, em razão do atual contexto de mudanças climáticas e necessidade de descarbonização.
Na época, o relatório do Banco Mundial foi enviado ao então Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, por meio de uma carta, em que nela foram desafiados 50 CEO’s de grandes instituições financeiras a incluirem os pilares Ambientais, Sociais e de Governança dentro das práticas das suas instituições. Os resultados obtidos com o desafio foram expressivos, a ponto de ter sido realizada uma reunião com 20 instituições financeiras de nove países distintos (entre eles o Brasil) para que houvesse a definição de diretrizes para a inserção de questões ESG na gestão de ativos financeiros.
Em 2021, um relatório publicado pela consultoria PwC informou que 77% dos investidores das instituições pesquisadas planejavam deixar de adquirir produtos de empresas que não estão vinculadas à agenda ESG em um intervalo máximo de 2 anos. Por aí se ver que, mais do que uma tendência, a adoção de práticas ESG se configura como fator de competitividade no ambiente de negócios. Dentre tais práticas, destacam-se:
- Busca por alternativas sustentáveis para a redução do impacto no meio ambiente;
- Redução na emissão de poluentes e gases do efeito estuva;
- Apoio à diversidade e inclusão;
- Posicionamento da empresa em causas e projetos sociais;
- Transparência na política de remuneração dos diretores; e
- Valores, postura moral e ética nos negócios.
Diante disso, este artigo irá tratar sobre possibilidades de adesão às práticas ESG, sobretudo do ponto de vista de soluções energéticas sustentáveis para a redução de impacto no meio ambiente.
1. Tendências ESG para 2023:
Em pesquisa realizada pela consultoria Humanizadas, foi feito um levantamento de 21 artigos e relatórios globais, publicados entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, sobre o tema ESG, de modo que foram identificadas 36 tendências, 12 das quais são destacadas na Figura abaixo:
O CEO da empresa, Pedro Paro, afirma que a agenda ESG está de fato ganhando forma no ambiente coorporativo, de modo que cada vez mais empresas estão engajadas em soluções ambientais. Ainda, segundo Paro, essa tendência tem sido observada não apenas em instituições coorporativas, como também em governos:
“De qualquer forma, as análises indicam que o ESG está de fato ganhando forma no mundo corporativo, com empresas cada vez mais engajadas em soluções ambientais e sociais, sendo algo enraizador não apenas nas corporações como também no governo e na sociedade como um todo”, enfatiza o CEO.
Seguindo as tendências globais, percebeu-se no Brasil um “boom” de captação de recursos a partir de fundos ESG para investimentos em projetos sustentáveis de aproximadamente R$ 2,5 bilhões em 2020. Esse levantamento foi feito pela Morningstar e pela Capital Reset.
Segundo relatório da PwC, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG, o que representa US$ 8,9 trilhões, em relação a 15,1% no fim de 2022. Além disso, 77% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos.
2. Ferramentas financeiras e avaliativas do ESG dentro do mercado Financeiro:
Para a realizar a medição do nível de aderência à agenda ESG, empresas de capital aberto e/ou emissoras de índices imobiliários, como a MSCI, desenvolvem seu próprio método de avaliação com indicadores próprios para cada pilar do ESG.
No Brasil, a B3 lançou 7 índices atreladas a boas práticas do ESG e cada uma tem uma metodologia de análise diferente, entre as principais estão:
- Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3): O objetivo do ISE B3 é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de empresas selecionadas pelo seu reconhecido comprometimento com a sustentabilidade empresarial; – Ligado ao pilar de Governança.
- Índice Carbono Eficiente (ICO2 B3): A adesão das companhias ao ICO2 demonstra o comprometimento com a transparência de suas emissões e antecipa a visão de como estão se preparando para uma economia de baixo carbono; – Ligado ao pilar Ambiental.
- Índice GPTW (IGPTW B3): O objetivo do IGPTW B3 é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de empresas admitidas a negociação na B3 e que foram certificadas pela GPTW como as melhores ambientes para trabalhar. – Ligado ao pilar Social.
Vale ressaltar que atualmente não existe nenhuma legislação que beneficie ou incentive o ESG em si, porém existem instrumentos de dívidas atrelados ao alcance de metas de sustentabilidade pactuadas entre as partes, sendo uma dessas a Sustainability-Linked Bonds (SLB). As características financeiras ou estruturais das Bonds, como a taxa de cupom, são ajustadas em função da realização de uma taxa pré-definida de metas de sustentabilidade. A principal diferença com os títulos verde/social/sustentabilidade são que os recursos podem ser usados para fins corporativos gerais. Estes Princípios SLB visam desenvolver ainda mais o papel fundamental que os mercados de dívida podem desempenhar no financiamento e incentivo às empresas que contribuem para a sustentabilidade e incluem cinco componentes principais:
Recentemente a Aegea, líder em saneamento privado no Brasil, concluiu a captação de US$ 500 milhões em títulos sustentáveis, reforçando seu foco na disciplina financeira e gestão da estrutura de capital e seu compromisso com a sustentabilidade.
3. ESG no setor de Energias:
Falando exclusivamente do setor de energias, o pilar de sustentabilidade tem com a energia limpa e acessível uma forte relação, devido ao fato de ser um dos setores que mais afetam o meio ambiente. É importante ressaltar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda definida pela ONU até 2030 que tem como um dos focos a energia renovável (limpa) e acessível, bem como o consumo consciente de energia elétrica, como um dos motores para a descarbonização.
Para a adoção dessa política de energias limpas e/ou consumo consciente, existem diferentes caminhos a serem seguidos, como a geração própria de energia elétrica, a partir de fonte solar fotovoltaica, por exemplo. Essa tomada de decisão faz com que a empresa cumpra um dos requisitos para enquadramento na agenda ESG, além de estar cumprindo 2 dos ODS’s ilustrados na imagem acima: energia limpa e acessível e combate às alterações climáticas.
Caso a organização não esteja disposta a investir por conta própria em uma central geradora de energia a partir de fonte renovável, há ainda a opção do ingresso no mercado livre de energia, sendo possibilitada a opção de compra de energia a partir de uma fonte renovável, o que confere ao comprador benefícios financeiros. Para mais informações sobre o mercado livre de energias acesse o seguinte link: Mercado Livre de Energia: funcionamento e vantagens – Atta Energias.
4. Conclusão
Diante do exposto, conclui-se que as práticas ESG estão dentro do radar de novos investidores e das incorporações. A preocupação igualmente de todos os setores traz como alguns beneficios a perenidade, sustentabilidade e um maior retorno financeiro com menos riscos operacionais, devido à gestão integrada dos pilares, e os investimentos em capital humano na forma de capacitação ou financeira traz maior satisfação por parte dos stakeholders.
Evidencia-se, ainda, que projetos de geração de energia limpa, eficiência energética, contratação de energia através de fontes limpas e etc, contribuem para que as empresas incorporem as práticas do ESG. Ocorre que a estruturação de projetos de energia deve ser precedida de análises técnicas, financeiras e regulatórias dos modelos de negócios, sendo necessária uma equipe multidisciplinar para isso.
A boa notícia é que nós da Atta Energias contamos com uma equipe especializa em análise de viabilidade de modelos de negócios voltados aos projetos de energia e podemos, através de nossa acessoria especializada, contribuir para que a sua organização atenda à agenda ESG e alcance uma maior competitividade no mercado!
Parabéns pelo excelente artigo sobre ESG! É inspirador ver a crescente conscientização sobre a importância das práticas ambientais, sociais e de governança nas empresas. Seu artigo destacou de forma clara e abrangente os pilares do ESG, enfatizando sua relevância para o sucesso dos negócios e para o bem-estar da sociedade como um todo.
Na aplicação da ESG é de suma importância se atentar a interconexão entre os aspectos ambientais, sociais e de governança, e como eles se complementam para criar uma abordagem abrangente e holística na sua empresa. Além disso, é importante a autenticidade e transparência na adoção de práticas de ESG, evitando práticas superficiais e destacando a necessidade de mensuração e relato adequados.
Muito obrigado pelo feedback positivo!